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Como o private equity impulsiona a bolsa brasileira | Entrevista com Gilson Finkelsztain, CEO da B3 Adicionado em 01/07/2020
 
1- A ABVCAP está completando 20 anos. Qual tem sido a importância do private equity e do venture capital para o mercado de capitais brasileiro?

Antes mesmo de citar a relevância da indústria no mercado de capitais brasileiro, é importante destacar o papel dos private equities e venture capitals na economia brasileira, com participação em diversas empresas que fazem parte do dia a dia dos brasileiros. A própria B3 (através da Cetip e BM&F) foi investida por fundos de private equity.

Nos últimos 10 anos, 58% dos IPOs foram de empresas investidas. Isso comprova como os nossos mercados são correlacionados. O mercado de capitais promove liquidez enquanto a indústria de private equity e venture capital é uma grande impulsionadora do crescimento e amadurecimento das empresas brasileiras. Essa combinação é muito importante para o crescimento do mercado de capitais e por consequência, do Brasil.  


2- As empresas que têm fundos de PE e VC como sócios chegam mais prontas à bolsa? 

O trabalho e o know how dos private equities e venture capitals funcionam como importantes aceleradores para as companhias ao trazerem a agenda de governança corporativa, profissionalização da gestão, planos e teses de investimentos e acesso a uma nova rede de relacionamento. Além disso, como os agentes da indústria estão mais familiarizados com o dia a dia do mercado de capitais, desde a parte regulatória até as novas rotinas, transparência e equidade na divulgação das informações aos investidores, isso acelera o processo nas companhias.


3- Qual é o maior desafio das empresas em sua preparação para a abertura de capital?

Como cada companhia pode estar em um momento e com uma necessidade diferente, o processo de preparação e os desafios podem mudar. Mas o que vemos como um dos maiores desafios é, sem dúvidas, o da cultura de uma companhia aberta. E eu falo isso porque abrir o capital é muito mais do que apenas captar recursos com investidores para ampliar seus negócios e ter um pool de novos acionistas. A cultura de uma companhia aberta precisa permear toda a organização, desde sua liderança até seus funcionários, com o objetivo comum de aproveitar melhor os benefícios intangíveis a essa listagem, seja ao trazer as percepções dos investidores e dos analistas como forma de influenciar processos, como também de enxergar que a governança corporativa vai além de somente cumprir requisitos. 

A B3 atua com um programa de relacionamento com empresas que estão se preparando para acessar o mercado. Acreditamos que essas interações geram ideias e encurtam caminhos. E que, conectando boas práticas e oportunidades de negócios, cumprimos nosso papel de oferecer as ferramentas necessárias para ajudar mais empresas a acessarem o mercado de capitais brasileiro. 


4- Quais são os planos da B3 para facilitar as aberturas de capital de empresas menores?
 
Historicamente, o ticket médio dos IPOs brasileiros é maior do que a média mundial, mas isso deve mudar. O Brasil vem de uma cultura de investimento avessa ao risco e voltada para a renda fixa, o que resultava em limitação ou escassez de recursos disponíveis para investimento em ações. A conjuntura macroeconômica está mudando e o investidor institucional agora tem olhado com mais atenção para ofertas menores e eventualmente está criando portfólios de ações com maior diversidade de ativos e também da pessoa física, que está diversificando seus investimentos. Nesses últimos 2 anos, vimos um grande aumento da participação do investidor local e principalmente de varejo nas ofertas de ações.

Também estamos trabalhando junto aos reguladores para uma agenda de medidas que achamos necessárias para o desenvolvimento do mercado de capitais. Algumas já foram implementadas pelo regulador em 2019, como o tratamento confidencial do registro de ofertas públicas e a liberação do registro de ofertas durante o “black out period”. Outra mudança que afeta ofertas menores é a dispensa do acionamento da comissão de listagem da B3 para ofertas abaixo de R$500 milhões nos segmentos Novo Mercado e Nível 2, removendo uma camada de incerteza que se colocava às empresas. 

A B3 também participa da iniciativa de Mercado de Capitais (IMK) em que discutimos pontos como um projeto de lei, que a B3 foi relatora, que permita a simplificação e flexibilização de processos envolvendo a captação de recursos no mercado de capitais para pequenas e médias empresas. 


5- A combinação dos juros historicamente baixos e da crescente presença das pessoas físicas na bolsa pode iniciar um ciclo virtuoso no mercado de capitais brasileiro?

O Brasil vinha de uma cultura de investimento avessa ao risco, totalmente compreensível devido aos muitos anos de inflação e juros elevados, mas temos visto que a chegada de novos investidores em ações continua crescendo em ritmo intenso. 

Encerramos o mês de maio com cerca de 2,5 milhões de contas de pessoa física com posição direta em bolsa. São pouco mais de 800 mil novas contas desde o começo do ano. Um fato interessante é que no pico da crise do Covid, a pessoa física não saiu da renda variável. Pelo contrário, foi o mês de recorde de entrada desse investidor na B3 com 300 mil novos investidores. 

Com essa maior demanda por ativos de maior risco, vamos precisar de fluxo de ofertas para atender a demanda por novos e bons ativos. É por essa razão que novos IPOs, inclusive com volumes menores, devem ser uma realidade nos próximos anos.


6- Comparando o mercado de capitais brasileiro com o de outros países, onde há espaço para evolução?

Trabalhamos consistentemente para aprimorar e desenvolver o nosso mercado, seja olhando as boas práticas adotadas em outros mercados, seja escutando as necessidades trazidas por nossos clientes. A partir desse relacionamento bem próximo, avançamos em algumas iniciativas como a da confidencialidade de oferta, que agora também é permitida no mercado brasileiro. A possibilidade de adoção de voto plural, que hoje não é uma restrição nem da B3 e nem do regulador, mas que depende de uma mudança de Lei das SAs é algo que estamos olhando de perto assim como a flexibilização das regras para emissão de recibos de ações e ETFs (BDRs), que está na pauta da CVM e pode permitir uma maior diversificação de ativos no portfólio dos investidores. 


7- A pandemia adiou uma safra grande de IPOs. O que contribuiu para essa promessa de aberturas de capital em 2020? Podemos esperar a mesma intensidade na retomada?

Em 2019 tínhamos praticamente batido o recorde no volume de emissões de ações, puxado principalmente pelas ofertas subsequentes e 2020 prometia. Estávamos com uma trajetória muito boa em relação às quantidades de pedidos de listagens e de IPO, muitas, inclusive, investidas de fundos de private equity e venture capital. 

O coronavírus pegou todos de surpresa, mas uma série de empresas continua se preparando para acessar o mercado e estão aguardando o melhor momento para retomar o plano. Durante esse período de pandemia, tivemos inclusive dois IPOs, além de ofertas subsequentes, o que demonstrou que mesmo nesses momentos o mercado ainda estava aberto para novas ofertas. O que podemos destacar é que mesmo nesse cenário desafiador, temos oportunidades para seguirmos apoiando os emissores e o mercado de capitais como importante fonte de captação de recursos para as empresas seguirem suas estratégias de crescimento.




Fonte: ABVCAP News | Julho 2020


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