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Notícias ABVCAP

Uma mudança histórica para os investidores brasileiros Adicionado em 15/07/2020
 
Bruno Zaremba, Head de Private Equity da Vinci Partners, afirma que a queda nas taxas de juros forçará os agentes financeiros locais a buscar retorno em classes de ativos como o Private Equity – ao mesmo tempo em que a indústria segue oferecendo boas perspectivas de retorno para os investidores estrangeiros


1 - Já é possível concluir que a pior fase da crise passou para as empresas brasileiras? 

No início da aceleração da COVID-19 no Brasil, nossa principal preocupação foi com a segurança e saúde dos funcionários nas empresas investidas. Focamos na adequação da vida das companhias para o período de quarentena e a correta informação e orientação dos times de gestão das investidas em relação ao que iríamos viver.

A próxima onda de iniciativas foi relacionada à liquidez dos balanços. Fizemos projeções de curto e médio prazos para entender pontos críticos de liquidez, e começamos a atuar junto a fornecedores, credores e prestadores de serviço em geral com o objetivo de assegurar liquidez às operações e um alinhamento entre a geração de caixa das empresas em uma situação de grande restrição operacional, e os vencimentos de obrigações com contrapartes.

Atualmente, com a reabertura gradual da economia brasileira, estamos em um momento de recuperação de ritmo de receitas. No caso das empresas do nosso portfólio, a recuperação tem sido melhor do que as primeiras projeções que fizemos, mas ainda estamos muito no início da curva para ter visibilidade completa da trajetória que vamos realizar. Aparentemente o momento mais agudo da crise, que ocorreu entre o final de março e início de abril, já ficou para trás.


2 - Como a Vinci tem gerenciado os efeitos da crise em suas companhias investidas? Quais foram as eventuais novas diretrizes de negócios implementadas durante a crise?

As iniciativas mais materiais se deram na direção de conservação de caixa. Suspendemos temporariamente a maior parte dos programas de investimento eletivos nas empresas de forma a obter mais informações sobre qual seria o ritmo da recuperação.

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Hoje, com mais visibilidade, estamos voltando à carga em M&As selecionados e investimentos de crescimento na maior parte das companhias. A oportunidade de apoiar negócios e empresários que tipicamente buscariam outro tipo de solução de capital é uma particularidade dessa crise por conta de uma grave restrição na disponibilidade de novas linhas de crédito. Gostaríamos de fazer parte da solução para essas companhias, e temos buscado esse tipo de situação.

Existem ainda alguns poucos casos de curva de recuperação mais lenta, como os setores de restaurantes e varejo. Além disso, houve uma aceleração em investimentos em digitalização que já eram previstos em algumas empresas do portfólio. No caso da Le Biscuit, o lançamento da nossa plataforma de e-commerce foi antecipado em alguns meses, assim como a Domino´s Pizza lançou uma série de inovações em sua plataforma de pedidos online, como por exemplo o DOM, um canal proprietário de pedidos pelo Whatsapp.


3 - Como o atual ambiente de baixas taxas de juros deve alterar o interesse e atratividade da classe de ativos de private equity para os investidores locais?

Sem dúvida estamos iniciando um período de transformação histórica em relação à política de investimentos de agentes financeiros no Brasil. Temos um estoque de poupança enorme em instrumentos de renda fixa no mercado brasileiro que terá que migrar para veículos de investimento alternativos, como o Private Equity, ao longo dos próximos anos. Hoje vivemos uma realidade de taxas reais extremamente baixas no Brasil, e que não asseguram mais ao investidor um retorno adequado no longo prazo.

Já vimos esse movimento acontecendo em mercados desenvolvidos a partir da Crise Financeira de 2008, quando os bancos centrais reduziram as taxas de juros a patamares próximos a zero. A partir desse momento houve um crescimento relevante na alocação a investimentos alternativos, como fundos de Private Equity, Imobiliários, Infraestrutura e crédito. Acredito que vamos ver o mesmo movimento no mercado brasileiro.

Hoje a penetração do mercado de Private Equity no Brasil é muito baixa, em função da limitada alocação de capital por parte dos investidores locais. Isso significa uma quantidade restrita de capital à busca de oportunidades de investimento, o que cria uma dinâmica competitiva favorável. Pelo tamanho expressivo da economia brasileira, acredito que teremos muitos anos ainda de dinâmica competitiva favorável na indústria, mesmo com um esperado aumento no fluxo de alocação de investidores locais. Isso tudo indica retornos potenciais interessantes para investidores entrando nas atuais safras de fundos.


4 - Como a Vinci acredita que o atual momento econômico e social que o Brasil atravessa deva afetar o interesse de investidores internacionais no segmento de private equity no país?

Nossos investidores internacionais estão em busca de retornos competitivos e descorrelacionados, em moeda forte, para seus beneficiários. Desta forma, quando tomam a decisão de investir em fundos no Brasil, têm como premissas básicas que iremos conseguir entregar retornos em dólares ou euros que são competitivos e justificam a migração do capital de seus mercados locais para mercados considerados emergentes.

O capital comprometido para investimento em fundos de Private Equity no Brasil poderia na verdade ter sido direcionado para qualquer mercado globalmente, seja ele desenvolvido ou outro mercado emergente, como por exemplo a Ásia. Dessa forma, fundos no Brasil estão competindo por capital globalmente, e não apenas contra seus pares no país.

Acredito que, pelo fato de o mercado brasileiro ainda ser pouco competitivo, gestores de Private Equity terão possibilidade de gerar retornos diferenciados alocando capital em negócios no país. Dessa forma, e com o aumento de competição global gerando uma redução esperada de retorno em mercados desenvolvidos, continuo acreditando no poder de atração da indústria de Private Equity brasileira para capital estrangeiro. O Brasil apresenta um perfil de maior volatilidade, uma vez que estrangeiros estão sujeitos também à volatilidade cambial, mas o diferencial de retorno deve continuar sendo interessante e atraindo recursos para o país.


5 - O significativo impacto social da crise tem trazido crescente preocupação de empresas e gestores com as comunidades nas quais seus negócios estão inseridos. Vocês acreditam que preocupações com ESG devem ganhar força?

A Vinci e todas as empresas investidas participaram de diversas iniciativas sociais durante o período da Pandemia. Já vínhamos observando uma grande preocupação de investidores, tanto locais quanto internacionais, em relação a questões de ESG e na minha visão já estávamos em um caminho de aumento de relevância do tema.

Nós investimos muito, em todas às áreas da Vinci Partners, em questões relacionadas a ESG. Somos assinantes do PRI (Principles for Responsible Investing) há vários anos, e com contínua melhoria das nossas práticas ao longo do tempo. Hoje questões relacionadas a ESG são parte integrante de todos os processos de investimento da área de Private Equity.

A área de Private Equity da Vinci possui duas estratégias: o Vinci Capital Partners, que é focado em operações de médio porte e posição de controle acionário, e o Vinci Impact and Return, que é focado em participações minoritárias em empresas de menor porte, e com Impacto sendo uma das variáveis de seleção de investimentos, assim como o retorno financeiro esperado nos investimentos. A estratégia de Impacto da Vinci é uma das pioneiras nesse segmento no Brasil.


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