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"Vemos o Instituto Órizon como um movimento da indústria", diz Karina Blanck Adicionado em 28/04/2021
 
Diretora-executiva diz que instituto está focado no primeiro edital, lançado em março, e que prevê até dois aportes em ONGs de educação.

Lançado no último dia 24 de março, o primeiro edital do Instituto Órizon marca a chegada do conceito de venture philanthropy no Brasil. Trata-se de um modelo de gestão que pretende aliar competências das indústrias de private equity e venture capital ao terceiro setor. O primeiro aporte, que deve ser feito este ano em até duas Organizações Não Governamentais (ONGs), será na área de educação, escolhida por ser uma das principais frentes causadoras do déficit de produtividade do país. “Há evidências estatísticas que mostram que o Brasil deixa de crescer 2 pontos base por ano devido a um gap (lacuna) de produtividade motivado por deficiências na educação”, avalia Karina Blanck, diretora-executiva do instituto, em entrevista à ABVCAP. 

O tema do ensino híbrido, que ganhou força durante a pandemia, é uma prioridade estratégica a ser endereçada pelas organizações que podem ser selecionadas neste primeiro edital. “É um tema chave, cuja forma de atuação pode variar, desde parcerias para treinamento de alunos até a busca de instrumental pelas escolas, como celulares e computadores”, exemplifica Karina. Na dinâmica do instituto, as investidas dos fundos também são co-participantes e podem oferecer oportunidades a iniciativas das ONGs beneficiadas, como programas para o primeiro emprego.

A atual formação do Órizon, dos fundos Carlyle, Pátria, Vinci e Warburg Pincus, não é estática, pontua Karina. Após o primeiro investimento, a diretora-executiva diz que outros parceiros serão bem-vindos. “Vemos o Instituto Órizon como um movimento da indústria e não de um fundo específico. A ideia é agregar mais fundos, parceiros técnicos e investidas”, diz. Entre as vantagens em reunir tudo em um só instituto, ela cita mais visibilidade, economias de escala e escopo, além de uma maior rede de contatos. Confira trechos da entrevista.

Como foram os primeiros dias de atuação do Órizon? 

Nosso grande objetivo deste ano é fazer nosso primeiro investimento. Selecionaremos até duas organizações, a depender do perfil, para realizar o primeiro aporte de capital e competência de gestão. Até agora, a prioridade foi o lançamento do edital, lançado no dia 24 de março, que está no site do Prosas, plataforma de editais. Estamos focados no trabalho de divulgação e acompanhamento das inscrições, além da preparação de próximos passos, que será a primeira triagem e identificação de finalistas, depois de um aprofundamento das propostas, com apresentação via Zoom. Esta última etapa contará com representantes de vários fundos. 


Por que foi escolhida a área de educação como tema principal do primeiro edital? 

O tema "pessoas" ou "gente" é comum e prioritário a todos os parceiros do ecossistema de investimentos, principalmente as investidas. Isso inclui treinamento, qualificação e produtividade. Se transportamos isso para uma agenda macro, há evidências estatísticas que mostram que o Brasil deixa de crescer 2 pontos base por ano devido a um gap (lacuna) de produtividade motivado por deficiências na educação. 


Um dos objetivos do Órizon é adotar competências de gestão do Private Equity nas ONGs beneficiadas. Cite exemplos.

Um exemplo bem emblemático é o fundraising, ou a área comercial. Precisamos ter processos de mapeamento, definição e desenvolvimento de ferramentas, criar protocolos e rotinas de aberturas de mercado, metas. No terceiro setor, existe a verba chamada Pessoa Jurídica Verba Livre, que são doações puras. Mas quando falamos de verba incentivada é diferente, há uma série de competências técnicas para protocolar projetos junto aos órgãos competentes, prestar contas, etc. Em linguagem do terceiro setor, gostarmos de investir na atividade-meio, para que ela retroalimente a atividade-fim.


Qual o papel da ABVCAP na dinâmica do instituto? 

Foi no ambiente da ABVCAP que começaram as conversas, apesar de não haver um vínculo estatutário formal. Acontece que os fundos começaram a negociar no ambiente da instituição, e, claro, ela acaba se tornando mais um canal de comunicação e voz. Vemos o Instituto Órizon como um movimento da indústria e não de um fundo específico. A ideia é agregar mais fundos, parceiros técnicos e investidas. 


Qual a função dos parceiros estratégicos, como a auditoria Price, a consultoria Bain & Company e o escritório de advocacia Pinheiro Neto?

Pela competência intrínseca de cada um. Outro ponto é que tê-los ao nosso lado ajuda a valorizar e propulsionar a organização. Um exemplo prático é a auditoria. Se uma instituição ou empresa é auditada por uma empresa como a Price, por exemplo, automaticamente ela tem acesso a uma série de investidores sociais. Temos muitas fundações, até multinacionais, que por políticas internas e compliance, exigem uma auditoria de uma empresa também multinacional. 

A atual composição -- Carlyle, Pátria, Vinci e Warburg Pincus -- pode mudar? Outros fundos serão bem-vindos? Quando?

Agora, reforço, nossa prioridade é o edital, e fazer nosso primeiro investimento. Temos segurança de que com essa composição atual dá para fazer um ótimo trabalho. Mas estamos abertos a conversas e criamos uma governança específica para propiciar a participação de mais players, ou seja, que ele seja da indústria. Gasto boa parte do meu tempo falando, ouvindo e costurando essas relações. 


Individualmente, as gestoras já tinham iniciativas parecidas com as aplicadas pelo Órizon. Quais as vantagens de ter tudo reunido e sistematizado em um instituto?

Economias de escala e escopo. Estar reunido permite que não tenhamos duplicação ou 'triplicação' da estrutura fixa. Se quiser manter um instituto, precisa ter auditor, suporte legal, gestor, entre outros fatores. Depois, há um benefício da capacidade de atrair mais parceiros e ganhar mais visibilidade. É o network de quatro fundos. Também falamos de um universo muito maior de investidas que podem aportar competências específicas. 


A inspiração do Órizon foi o Impetus, do Reino Unido. Por que o conceito de venture philanthropy chegou só agora no Brasil? 

O timing é reflexo do mercado brasileiro de filantropia em geral, que é mais imaturo em relação a outros pares globais, sobretudo o dos Estados Unidos e Europa. Há razões culturais e estruturais que explicam isso. Tivemos a primeira regulamentação de fundos de endowments há cerca de um ano. 


Qual o papel das investidas nessa dinâmica? Em que e como podem contribuir?

Existe uma combinação de doações financeiras e competências ou parcerias na parte de comunicação, indicação de ONGs e voluntariado. É muito customizado de acordo com o negócio de cada investida. Mas há sim uma sinergia em potencial. Exemplo: se temos uma investida que trabalha em saúde, ela poderia investir em uma instituição que oferece cursos profissionalizantes em enfermagem. Neste caso, haveria uma sinergia imediata, se pensamos em ofertas de primeiro emprego, entre outras oportunidades. Queremos que o Instituto Órizon seja um movimento da indústria no conceito amplo, e inclui sim as investidas. 


Como será o acompanhamento do uso dos recursos por parte das gestoras?

Depois que decidirmos investir em uma determinada ONG, teremos de fazer um plano de investimento anual, que inclua valores gastos, para quais ações e a partir de quais métricas e resultados. Em seguida, faremos reuniões mensais de acompanhamento de implementação dessas ações. Existe uma prestação de contas mais financeira, em que a organização envia comprovantes de que gastou aquele dinheiro com aquela ação. E, por fim, acompanhamos tanto as métricas de performance, quanto o resultado final. 


A emergência da pauta ESG no Brasil ajudou a criar condições adequadas para a criação e atuação do Órizon? 

Há dois anos, havia um interesse genuíno dos profissionais da indústria em desenvolver o tema de ESG no país. Mas foi de um ano para cá que o tema começou a ser discutido com mais frequência e intensidade. No atual contexto, a pandemia foi um acelerador. O Órizon é um elemento do ESG. Cada um dos quatro fundos participantes tem outras estratégias e iniciativas. Com ou sem Órizon, a pauta ESG é prioritária na agenda econômica. 


Acredita que o Órizon pode ser um vetor de soluções que ajudem o país a sair com mais velocidade dos efeitos negativos da pandemia, sobretudo na área de educação? 

Sim, pode ser mais um agente que pense e ofereça soluções. Exemplifico com o tema da educação à distância, que passou a ser prioritário na agenda das redes pública e privada. É um tema chave, cuja forma de atuação pode variar, desde parcerias para treinamento de alunos até a busca de instrumental pelas escolas, como celulares e computadores. Em educação, a curadoria do conteúdo é muito importante e isso demanda o domínio de novas ferramentas. A atuação do Órizon pode catalisar alguns desses processos.

Fonte: Abvcap News | Maio 2021


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