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O boom da digitalização e os desafios de investidores de Venture Capital | Entrevista com Anderson Thees e Sidney Chameh Adicionado em 01/10/2021
 

O aumento da demanda por serviços digitais é um dos fatores por trás da explosão dos negócios digitais durante a pandemia, contribuindo também para a alta valorização das startups e os investimentos recordes em Venture Capital. 

Com a proliferação de negócios, o desafio dos gestores de VC de selecionar bons investimentos em startups ficou ainda maior num segmento marcado pela alta mortalidade. Mas a melhor ambiente de negócios no país, o acesso ampliado a capital e a forte demanda por tecnologia impulsionada pela pandemia podem reduzir a mortalidade de empresas novatas, diz Sidney Chameh, sócio-fundador do DGF Investimentos e ex-presidente da ABVCAP. 

Para ele, é crucial que os fundos de VC identifiquem que transformações vieram para ficar e quais vão passar após o controle da pandemia e, sobretudo, identificar bons times que sejam capazes de adaptar soluções rapidamente num ambiente digital em constante mutação. 
Neste cenário, um grande desafio para que essas startups tenham sucesso é a retenção de talentos, diz Anderson Thees, da Redpoint eventures e vice-presidente da ABVCAP. Para Thees, a maior demanda por tecnologia veio para ficar. As pessoas não vão deixar de usar a maior parte dos serviços digitais que passaram a adotar na pandemia e, com isso, o déficit de profissionais de TI tende a se agravar. 

A seguir, os principais trechos das entrevistas com os dois gestores sobre os desafios das startups e dos fundos de VC. 


Sidney Chameh, sócio-fundador do DGF Investimentos, ex-presidente da ABVCAP


1)  Segundo estudo da Fundação Dom Cabral, apenas 25% das startups brasileiras ultrapassam os 13 anos de vida. Acredita que as transformações decorrentes da pandemia podem mudar isso? A mortalidade pode cair?

Acredito que o ambiente de negócios melhorou junto com a digitalização e temos um maior número de empresas, o que aumenta a chance de sucesso. Entretanto, se você não tiver um mínimo de planejamento, pode cair nessa estatística. Outro item que aumentaria a chance de sucesso é que a cada ano das novas empresas abertas/iniciadas, um número crescente é de empreendedores de oportunidade e não de sobrevivência.


2) Quais são os principais obstáculos que vocês ainda veem para o sucesso das empresas investidas?

Vejo 3 grandes desafios para a sobrevivência destas empresas de tecnologia. O primeiro é a construção do time, é preciso ter uma boa equipe, eu prefiro logicamente ter bons empreendedores em bons mercados, mas se for para optar, prefiro um ótimo empreendedor em um mercado ruim do que o contrário.

Além disso, há a questão do planejamento – basicamente, pensar no que você quer resolver. Antes de lançar o software, por exemplo, é preciso avaliar se o produto é desejável, atende às necessidades do mercado ou resolve uma grande dor ou problema.

Também adiciono a importância da estratégia de entrada do produto digital no mercado. O cliente pode implementá-lo sem grandes investimentos? É de fácil adoção? Se for de graça e depois oferece a opção de pagar por mais features, melhor ainda.

Mais além, existe a dificuldade de reter na empresa o profissional em maior evidência hoje, que é o desenvolvedor de software. Você precisa reforçar a missão e o propósito da empresa e demonstrar que ele vai fazer a diferença na sua equipe, para não perder um bom colaborador por diferenças de salário ou falta de propósito.


3) Com essa explosão de serviços digitais na pandemia, ficou mais difícil selecionar bons negócios? Empresas que nasceram ou floresceram na pandemia podem morrer na praia?

Antes era mais fácil porque havia menos competição e mais difícil porque havia menos qualidade de oferta. Hoje, para fazer 10 negócios, você precisa olhar de 1500 a 2 mil e já excluir 90% que não se enquadram nas suas regras e aí sim mergulhar na análise. A especialização dos VCs é fundamental diante do aumento do número de empresas. 
Não acho que ficou mais ou menos difícil; o ambiente mudou e a avaliação agora é diferente.


4) Destas startups que floresceram na pandemia, quantas só fazem sentido nesse momento atípico e podem perecer na volta à normalidade?

A pandemia despertou necessidades e trouxe também oportunidades. Quando um mercado dá muito retorno, muita gente entra e o retorno se ajusta, é teoria econômica pura. Por isso, você precisa de bons times para pivotagem; caso o mercado mude e aquele produto não faça mais sentido, aquela necessidade a que ele atende deixa de existir.

A empresa digital precisa ter flexibilidade para resolver o maior número possível de problemas, ou para resolver um grande problema no maior número de setores possível. Muitas empresas têm o afã de pensar “meu produto é bom, as pessoas vão se interessar” e não percebem que precisam da adaptação para serem perenes no mercado.


5) Como o DGF tem ajudado no sucesso de suas investidas?

Nossa postura é sempre de parceria com as empresas. Temos dado muita atenção ao recrutamento, ainda mais com a facilidade do trabalho híbrido e digital. 

Também ajudamos a estruturar planos de stock options, esclarecer como ser faz e implementa. Outro ponto é ter um canal direto com o empreendedor, criando relação de confiança, para auxiliar em qualquer demanda dela ou dele, independentemente de serem pequenas dúvidas e estar sempre disponível para debater fora dos ambientes formais. Ahh sim, não atrapalhar, ajuda muito!


Anderson Thees, sócio-fundador da Redpoint eventures & vice-presidente da ABVCAP


1) Essa eclosão de serviços digitais na pandemia tende a diminuir ou aumentar a taxa de mortalidade de novos negócios e startups?

Acho que a taxa de mortalidade das startups vai diminuir. Pode ser que o número de experimentos com o digital cresça e, por isso, mais empresas deem errado. Mas isso não é ruim, é sinal de crescimento do mercado. Mais do que acelerar a demanda, a pandemia empurrou muitos consumidores para o início da curva de adoção do digital. Gente que talvez nunca usasse o produto digital teve que adotar e não vai parar, você não "desdigitaliza" alguém. Essa demanda veio para ficar e vai alavancar muitos negócios.


2) Como os fundos de VC estão se adequando ao crescimento do número de startups no Brasil?

O que está acontecendo é um amadurecimento do setor de VC. Há cinco anos, discutíamos se as startups brasileiras cresceriam a ponto de dar retorno para VCs, e hoje temos vários unicórnios que surgiram nos últimos três anos. 

Para o VC, isso significa mais concorrência, e também mais deal flow e mais qualidade de pipeline. O mercado vai ficar cada vez mais competitivo.


3) Quais são os principais desafios das empresas investidas nesse processo de forte digitalização?

O desafio de atração e retenção de talentos técnicos deu uma acelerada. Existe escassez de talentos como desenvolvedores e profissionais de marketing digital. A transferência de habilidades ficou mais fluida, já que podemos contratar advisors em outros lugares, mas esse mercado de trabalho está bem mais aquecido. O déficit que já existia está ainda maior com essa alta demanda. 


4) Como os fundos de VC estão assessorando as investidas para superar esse desafio?

Especificamente sobre essa questão de atração de talentos, nós trazemos e implementamos as boas práticas das empresas do Vale do Silício que já trabalhavam, por exemplo, em regime remoto antes da pandemia.

Também acontece muita troca entre as empresas do nosso próprio portfólio. Algumas companhias em que parte do time era remoto já tinham políticas consolidadas para avaliação de desempenho, boas práticas e benefícios, por exemplo. Elas se adaptaram mais facilmente durante a pandemia e ajudavam outras do portfólio neste processo.


5) Agora que estamos próximos de voltar à normalidade, qual cenário você vê para os negócios digitais e fundos de VC?

Vamos ver cada vez mais digitalização em todas as áreas das empresas e em todas as indústrias. Por exemplo, não acho que um banco vai digitalizar só uma parte de um departamento, mas todos os seus setores.

Outra expectativa é termos um ganho de eficiência cada vez maior. Acredito que a digitalização ajuda empresas a planejar melhor seus processos, rotas de entrega, emissões etc., então vamos melhorar muito em otimização.

Fonte: Abvcap News - Outubro 2021


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