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Sem IPOs e com empresas cautelosas, fundos de private equity trocam ativos entre si Adicionado em 01/03/2024
 

Diante de uma saída mais difícil em bolsa e apetite limitado de investidores estratégicos, os fundos de private equity aumentaram as transações no mercado secundário no ano passado, com ativos migrando de portfólio entre as gestoras. Das 75 transações de private equity realizadas em 2023 no país, nove envolveram a venda de ativos entre fundos, contra apenas uma registrada em 2022, segundo dados da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap).

As transações envolvem tanto a venda de um ativo quanto da carteira toda entre gestores ou para outro veículo do mesmo grupo – neste caso, forma de ganhar tempo na investida e já dar retorno para um grupo de cotistas.

Muito comum lá fora, esse tipo de operação ainda é pouco representativa no Brasil. Mas a presidente da Abvcap, Priscila Rodrigues, avalia que, com o prazo de investimentos de alguns fundos vencendo e os gestores precisando vender os últimos ativos em carteira, novas transações secundárias virão.

Uma delas será da Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas e Eletronuclear, que contratou a gestora Carbyne Investimentos para vender a sua participação em fundos de private equity. É parte da revisão da estratégia de investimento da fundação, que busca diversificação para a carteira.

A saída de fundos estrangeiros do Brasil também tem motivado a venda de portfólio. Em 2021, por exemplo, a Carlyle vendeu a operação para a gestora SPX, numa transação de carteiras. Em fevereiro deste ano, a HSI, firma brasileira de private equity focada em real estate, comprou o hotel Hilton Copacabana das mãos da Blackstone, gestora que também fez uma revisão de sua atuação no país.

Já a IG4 Capital, ativa no mercado brasileiro e regional, vendeu a posição de seu fundo na operadora de hospitais Opy Health para um fundo do BTG, dando saída a seus investidores mas mantendo-se como gestora, num modelo chamada de continuation fund. O Pátria, diante do prazo de um veículo, vendeu a posição do fundo VII na foodservice Delly’s para o fundo V, numa negociação que envolveu ainda a entrada do CVC Capital Partners na empresa.

A Starboard negociou a aquisição de 38% da parte boliviana do gasoduto Brasil-Bolívia com o fundo americano EIG Global Energy Partners, enquanto a Treecorp vendeu uma fatia na empresa de consórcios Ademicon para a 23S Capital.

Com fundos estrangeiros nas duas pontas, o Kohlberg & Co comprou uma participação majoritária na empresa de pesquisas clínicas Worldwide Clinical Trials, que tem atuação no Brasil, do The Jordan Company. O family office San José Capital, que incluía as redes de farmácias Maxi Popular e Rio Drogas e a rede de clínicas MedicMais, para a empresa de investimento britânica Majoris Capital. O suíço Gyrus Capital também vendeu o controle da consultoria de segurança do trabalho e recursos humanos dss+, que tem atuação no Brasil, para a empresa de investimento britânica Inflexion.

Com forte participação do setor de saúde, consumo e serviços, os investimentos de private equity aumentaram 19% no ano passado, depois de dois anos de retração. O volume somou R$ 22,7 bilhões ante R$ 19 bilhões do ano anterior, ainda que o número de operações tenha caído 5%.

Já na indústria de venture capital, já não é surpresa que o volume de investimentos caiu a menos da metade, indo de R$ 17,5 bilhões em 2022 para R$ 7,4 bilhões em 2023. O número de negócios acompanhou, com queda de 70% no período, para 205 operações.

Desse total de operações, os fundos de corporate venture capital, que reúnem investimentos de empresas, estiveram envolvidos em 46% dos negócios. “Continuamos a ver grande interesse das empresas em criar seus fundos de CVC, o que deve trazer investimentos para o segmento de venture capital”, diz Rodrigues.

Outra movimentação relevante no mercado de fundos de participação nos últimos dois anos é a consolidação entre gestoras brasileiras ou com atuação local. Além da operação feita por SPX, o Pátria comprou a divisão de private equity da britânica Abdrn (antiga Aberdeen) e a brasileira Igah, a General Atlantic comprou a Actis e a Vinci, que atua também em outros segmentos, vendeu participação para a americanas Ares.

Fonte: Pipeline


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