Os termos da sociedade não são públicos, mas uma fonte envolvida na negociação disse ao Brazil Journal que Claure pagou R$ 600 milhões por uma fatia da gestora. Há ainda uma cláusula no contrato que lhe permite aumentar este investimento em até 25% nos próximos três anos, a depender dos resultados. A eB Capital, que tem como foco empresas de impacto em setores como infraestrutura, energia e clima, tem R$ 5 bi sob gestão.
Claure, o ex-todo-poderoso chefe do Softbank na América Latina, está fazendo o investimento por meio de seu family office, o Claure Group. A eB Capital usará a sede do Claure Group em Nova York como um escritório estratégico.
Mas como Claure, que também é pai de seis filhos, vai conseguir dar conta de tudo?
Além da Shein e do Claure Group, o executivo lidera a gestora de venture capital Bicycle, que está próxima de levantar US$ 500 milhões.
“Eu não sou um operador tradicional,” responde o executivo. “Vou passar minha expertise e meus contatos, além da equipe do Claure Group, para acelerar o crescimento da eB Capital. Mas posso dedicar de um a dois dias por semana, pois vejo que as maiores oportunidades estão no Brasil.”
Eduardo Sirotsky Melzer, o “Duda”, disse que o namoro com Claure começou há 18 meses e que a sociedade tem o potencial de “turbinar” a eB Capital tanto pela experiência que agrega quanto pelo acesso a capital internacional.
Claure, por sua vez, já havia dito a pessoas próximas que estava em busca de um sócio local com reputação e contatos, ainda mais dada a magnitude da operação da Shein no Brasil.
O foco da eB continuará a ser o Brasil e as áreas de infraestrutura, energia e clima, mas Duda disse que caso surjam oportunidades nesses setores em outros países da América Latina, Claure poderá ajudar em uma eventual estreia internacional.
Entre os principais investimentos da eB Capital estão a Aloha Fibra, a maior provedora independente de fibra óptica no Brasil, o e-commerce de ferramentas Loja do Mecânico, as empresas de reciclagem Green PCR e Global Pet, além das companhias de saúde Hilab e Blue Health.
Claure se juntou à Shein em janeiro como chairman da empresa para a América Latina — com o objetivo declarado de aumentar a rede de fornecedores da Shein na região — além de ter investido US$ 100 milhões de seu próprio bolso na companhia, que prepara um IPO nos próximos meses.
Depois de obter vitórias no Brasil — onde fez uma parceria com a Coteminas e conseguiu manter um tratamento fiscal privilegiado a despeito dos protestos do varejo local — na semana passada a Shein alçou o executivo a um cargo global: Claure passou a ser o vice chairman do grupo, encarregado de criar um supply chain fora da China.