Em outubro de 2019, pedimos aos CEOs de infraestrutura de todo o mundo que falassem sobre suas perspectivas para 2020. A maioria disse esperar uma desaceleração do crescimento econômico durante o ano e planejava suas estratégias de crescimento dentro dessa visão, mas ninguém poderia prever a pandemia de Covid-19. Dada a dimensão da crise, seus fortes impactos e a perspectiva de uma intensidade duradoura, as consequências econômicas testarão a resiliência do setor de infraestrutura.
Mudanças potenciais na demanda
A interrupção forçada de viagens, disrupções nas cadeias de suprimentos e mudanças no comportamento do consumidor estão entre os impactos da Covid-19 que afetam todos os segmentos de infraestrutura. As medidas de lockdown resultaram em um repentino declínio no transporte público e no uso da infraestrutura rodoviária, levando demandas e receitas antes estáveis a diminuir da noite para o dia. Nesse contexto, os proprietários de ativos de transporte se perguntam se a transição repentina para o trabalho remoto levará a uma mudança permanente nos padrões de trabalho, com impactos em outros setores, como o de imóveis. A paralisação também pode levar a uma mudança das opções de transporte de massa para a micromobilidade, o que afetaria o planejamento futuro da infraestrutura.
Também há questões sobre as indústrias de transporte aéreo e frete. Se o uso do transporte aéreo diminuir significativamente, o setor de aviação precisará considerar mudanças fundamentais na maneira como os aeroportos são projetados e construídos? E o que uma mudança para cadeias de suprimentos mais localizadas significaria em termos de volume e demanda para proprietários e operadores de portos?
O setor de energia também não está imune. No Reino Unido, por exemplo, a demanda geral por eletricidade diminuiu devido ao lockdown. Como um estudo recente da PwC destacou, é provável que a coincidência da Covid-19 com o colapso do preço do petróleo em março de 2020 afete a transição para as energias renováveis no curto prazo. Com o petróleo barato, a atratividade do investimento em energias renováveis diminui, uma vez que a geração de energia baseada em petróleo se torna mais econômica.
É impossível mapear como a crise afetará o setor de infraestrutura como um todo. Mas acreditamos que os efeitos mais imediatos serão sentidos em quatro áreas: resiliência operacional, adoção de tecnologia, preços mais acessíveis e sustentabilidade.